quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

ALESP e a turma da gazeta



Nos meus tempos de estudante do curso colegial era costume gazetear, ou como se dizia: “matar a aula”. Essa ocorrência era anotada por zelosas secretárias com a aposição de “ausente”, em tinta vermelha, na respectiva caderneta escolar. E ao examiná-las, sob a competente assinatura, dependendo da riqueza do multicolorido azul-vermelho e o valor das notas, tínhamos que ouvir “sermões da montanha” dos nossos pais, acompanhados às vezes, de pequenos castigos como o de não poder freqüentar aos matinées dominicais, suspensão da já minguada mesada, exigência de maior dedicação aos estudos, “neca” de futebol e por aí afora.

Mutatis mutandis” (*) parece que esse modismo não sai da moda mesmo quando os gazeteiros não passam de uns marmanjões bem nutridos, ditos representantes do povo – os deputados estaduais!

O jornal Folha de São Paulo publicou, recentemente, matéria em que relata a baixa freqüência às sessões pelos deputados da nossa ALESP durante o segundo semestre do ano passado. Trabalharam apenas durante 60 dias.  Os demais 120 dias levaram no gogó!

Mesmo assim, custou uma grana preta aos cofres paulistas.  Sem um desconto sequer.

Nem comentarei a respeito da produção legislativa desenvolvida pelos dignos representantes no período que, conforme a reportagem foi pífia. Alguns casos plenamente dispensáveis por se tratar de congratulações, condolências, indicações de nomes para logradouros públicos, criação de cargos...  

Não posso esquecer de informar o leitor que foi aprovada uma emenda de suma importância: a do reajuste do salário do governador que gerou, por efeito de cascata, gasto extra de R$ 425 milhões por ano! Excelente notícia, não é?

Ah, fosse no nosso tempo! Se isso acontecesse conosco, certamente seríamos premiados com sonora reprimenda e até umas cintadas.  

Uma conclusão é de que não há “educadores” para essa turma de faltosos e relapsos.  Exceções à parte, é claro! 

Os deputados, mesmo os militantes de campos ideológicos opostos, pelo menos no papel, nessas horas agem como se fossem irmãos siameses, ligados umbelicalmente.

Ressalvo haver deputado, como é o caso do oposicionista Major Olímpio (PDT), contrário a essa daninha prática. Afirmou: “A Assembléia não existiu em 2010. Não tem nada de custo da democracia. Isso é desculpa, A Casa (ALESP) tem funcionado como órgão homologador do Executivo”.  Palmas para ele que ele merece, diria o saudoso Chacrinha.

E o povão, o que ele pode fazer?  Nada!

(*) para quem não conhece, explico: é uma expressão latina habitualmente empregada por advogados e com significados diversos.  Pode ser entendida como “mudando o que tem que ser mudado”, "com as mudanças necessárias" ou "no que couber".
 

       

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