quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Barros Munhoz defende a ALESP


Em nenhum momento respondeu às colocações feitas pelo jornal Folha de São Paulo.


Em defesa da Assembléia Legislativa de São Paulo - ALESP, o seu presidente deputado Barros Munhoz fez publicar artigo na Folha de São Paulo, edição de 04 do corrente mês, numa tentativa de rebater, ou melhor, driblar as várias críticas feitas à instituição em artigo do próprio jornal.


Artigo que comentei logo abaixo sob o título de “A Assembléia Legislativa de SP e a turma da gazeta”.


Começa ele por dizer que o regime militar castrou considerável parte das atividades dos parlamentares quanto ao ato próprio de legislar.


Abro parêntesis:  Noto haver, por parte de determinados políticos, enorme preocupação em não ferir a susceptibilidade de um regime que empalmou (no sentido de surripiar) o poder maior do país entre os anos de 1964 a 1985 sob o pretexto de impedir a implantação do regime comunista no Brasil. 

Para sermos justos para com a história deste país, o que foi implantado entre nós foi uma férrea Ditadura Militar, nascida de um golpe de estado. Uma ditadura apoiada por setores conservadores da nossa sociedade de então e por aqueles que perfilaram na famosa “A Marcha da família com Deus pela Liberdade”.


Vamos em frente. 

O nobre deputado afirma, delicadamente, que sobrou da referida ditadura um resquício ou seja: “... os parlamentares estaduais tiveram seu poder de legislar extremamente limitado. Foram proibidos de apresentar projetos de lei que aumentem a despesa ou diminuam a receita”.  E arremata: “foram proibidos de apresentar projetos sobre praticamente tudo o que é importante para a população”.


Duas observações:


   a)    Não podemos negar alguns méritos à Ditadura Militar.  Um deles, mesmo sob manto antidemocrático, foi o de colocar ordem no “galinheiro” do Congresso Nacional, nas Câmaras Estaduais e Municipais.

Mesmo assim, é falacioso dizer que se usurpou do Legislativo tais prerrogativas.

Agora mesmo, constatamos que a ALESP apresentou emenda aumentando o salário do governador e elevou o teto do funcionalismo paulista cujo gasto extra é da ordem de R$ 425 milhões por ano!


   b)   Quanta pretensão quando escreve estar os deputados impedidos de apresentar projetos sobre “praticamente TUDO o que é importante para a população”. Esse “TUDO” faz parte do vasto repertório dos conhecidos arroubos retóricos do querido deputado.


 E eu, um sabe nada, pergunto: Será que ainda vivemos em um regime autoritário em   que deputado não pode, pelos menos, “sugerir” ao governante a adoção de medida benéfica ou que isto é melhor do aquilo?



Munhoz cita que o deputado pode, entretanto, legislar em casos de menor relevância seja aprimorando, emendando, modificando, aditando os projetos de autoria do Executivo”. E dá exemplos de algumas leis que foram aperfeiçoadas graças aos trabalhos ingentes da ALESP.


E eu pergunto: Não seria o caso de conceder férias e repouso quatrienal  aos nobilíssimos representantes do povo caso eles fossem também proibidos de legislar em casos de menor relevância como se referiu o deputado?  De que serviria então o Legislativo?  Casa de repouso e mordomias tão somente?


Ah, Montesquieu!  Quando você escreveu o Livro das Leis e bolou a teoria da Tripartição dos Poderes do Estado, certamente não imaginou o Brasil de hoje.  Senão não...!  


Queixa-se o nosso legislador-orgulho de que críticas são feitas quanto à ausência de fiscalização da parte da ALESP ao executivo estadual.  Cita que, durante a atual legislatura, foram realizadas 23 CPIs!


Quais?  Pena que não nominou nenhuma para pudéssemos avaliar o grau de importância e serventia.  A oposição reclama da não instauração de CPIs sugeridas por ela e que tudo acaba em samba.


Nem a grande mídia paulista, tão cordata e servil, não entra nessa.


Depois, Munhoz faz um arrazoado a respeito da “representatividade parlamentar”, dos contatos junto a vários segmentos da sociedade, das 260 audiências públicas realizadas, e subsídios  oferecidos para elaboração  da peça que verdadeiramente (sic) governa um estado ou país, ou seja: O ORÇAMENTO PÚBLICO!


Até aqui deu para conter o riso, mas agora já é demais!


Pergunto ao nobre deputado: quando prefeito, observou rigorosamente a peça orçamentária elaborada por ele mesmo?  Não fez uns trambiques e mandrakagens? Não tirou daqui e botou ali? Bom, se negar acreditarei!


Munhoz, e o tal do “professor”? Conhecido também por “o rei da maquiagem contábil”.


A seguir, concorda que a ALESP não é perfeita, é preciso aprimorar-se, orgulha-se dela por estar cumprindo seu papel de legislar (?), fiscalizar (?), representar condignamente o povo paulista, pa-ta-ti, pa-ta-tá.


Afirma ser ela austera e econômica quando gastou R$ 682 milhões no ano (qual?) com subsídios e salários quando, de acordo com a LRF, teria à disposição R$ 1,7 bilhão! 


Ainda no referente a números, afirma que é a Casa de Leis com menor custo per capita em comparação com os demais estados brasileiros. Coisa de R$ 14,59 quando Minas Gerais custa, a cada seu contribuinte, R$ 41,81.


Conclusão: Não vou mais a Jacutinga. Vai que o governo da lá resolve cobrar a diferença, uai sô!


Tem uma coisa que me incomoda e incomoda muita gente que busca confirmação de números, dados, estatísticas, realizações, junto ao Executivo e ao Legislativo paulista. 

A falta total ou parcial de transparência desses Poderes!  Obter informações sobre despesas, subsídios dos políticos, folha de pagamento do funcionalismo de qualquer entidade pública paulista é coisa de doido.  


A gente encontra alguma coisa no caso de deputado: quanto ele consumiu em combustível, em serviços gráficos, coisinhas miúdas.


É uma caixa preta mais difícil de achar em comparação com aquela do avião francês que caiu no mar.


E para o deleite e ufanismo geral, Barros Munhoz diz: “A atual Assembléia foi julgada e aprovada pelo povo de São Paulo – 78,2% dos deputados que se candidataram foram reeleitos – o maior índice da história do parlamento paulista”.


A frase até me lembrou certo presidente da República que sempre repetia: “Nunca antes na história deste país...”.


Como poucos, é doutor na arte de tergiversar, despistar.  Em nenhum momento respondeu às colocações feitas pelo jornal Folha de São Paulo.


É assim mesmo que age o político: se atacado, finge que não é com ele ou responde com outra moeda. Pode também dar uma de “anjo” ou então vilipendiar o adversário. Político é vítima e algoz ao mesmo tempo.


Reconheço os méritos políticos do nosso prestigioso deputado.  Nessa arte ele é o “bom”.  Já ouvi de pessoas que residem em outras cidades e até em estados outros – “Barros Munhoz é um grande articulador”.


É que tais pessoas não acompanham o que ocorre na política local; em matéria de articulação Barros Munhoz, atualmente, tem-se comportado como um elefante (literalmente) em loja de porcelanas.  Acho que vale um novo artigo.


Mesmo assim, no campo de articulação, considero Munhoz um “meio campista” classudo, bem melhor que o nosso “tíbio” prefeito Toninho Bellini.


Olhando-os assim de perfil, como se diz na gíria futebolística: ambos estão “batendo um bolão”.


Juro: nem estou considerando a forma física arredondada deles!   


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